quinta-feira, 20 de março de 2008

CINQUENTA E CINCO ANOS SEM O MESTRE GRAÇA


A morte do velho Graça. Há 55 anos o Brasil perdia um de seus maiores escritores
memória - Ivan Barros

Na morna madrugada de 20 de março de 1953, perdia o Brasil um dos maiores escritores de toda a história literária.
Morria Graciliano Ramos, o áspero, amargo, mas profundamente humano e simples Velho Graça - sertanejo autêntico nascido em Quebrangulo, vivido maior parte da existência em Palmeira dos Índios - nasceu em 1892 e passou quarenta anos de sua vida enfrentando as mesmas dificuldades e as mesmas lutas dos seus conterrâneos, ainda hoje eternamente sacrificado pela inclemência da natureza pelo abandono de todos os governos.
Sóbrio como sempre foi, fez-se um dia negociante, na loja Sincera, do pai, destruída criminosamente em 2000, pela avareza de alguns, e que de lá tornou-se prefeito.
Foi só então que Graciliano Ramos encontrou oportunidade para se fazer escritor que sempre desejou ser, conforme narra Ivan Barros em seu livro “Graciliano Ramos Era Assim” a ser reeditado ainda este ano.
Um relatório do obscuro prefeito de Palmeira dos Índios foi parar, não se sabe como, nas mãos do poeta e editor Augusto Frederico Schmidt.
Era um relatório trasbordante de pitoresco, original na linguagem e no modelo. Em conseqüência editava-se em 1933 o primeiro romance “Caetés” daquele que viria a ser o mestre do gênero entre nós.
“Caetés” é o retrato de Palmeira dos Índios e sua sociedade nos anos 20.
Nos últimos anos de sua vida, Graciliano Ramos pode dedicar-se à sua vocação de escritor, através do qual nos deu obras-primas como “Angústia” (1936), “Vidas Secas” (1938), “Infância” (1945), “Insônia”, (1947), sem falar em “São Bernardo” um romance de amor sem igual.
Uma obra que não é grande pela quantidade, pois o velho Graça foi sempre um torturado da forma e do estilo. Mas pelo vigor da mensagem humana que encerra.
As amarguras de uma vida intensamente vivida e sofrida tornaram-no um pessimista, às vezes exasperado. Mas foi testemunha, à sua maneira, calado e sóbrio da comovente consagração que povo e intelectuais promoveram em sua homenagem ao completar 60 anos.
Morto, vingava-se da vida.
Teve um enterro de rei.
Por tudo isso, sua morte é lembrada pelos que fazem a Tribuna do Sertão, em Palmeira dos Índios, o jornal que tem mais anos de circulação do que O Índio (seu jornal nos anos 20), em homenagem a esse heróico nordestino e que continua sendo lembrado no mundo inteiro, por tudo o que fez, escreveu, viveu e amou.

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