segunda-feira, 5 de maio de 2008

NOSSAS PINHAS ESTÃO MORRENDO


Salvemos nossas pinhas: elas estão morrendo
http://www.tribunadosertao.com.br/noticias.asp?id=2720

Tida como exótica e objeto de pesquisa, a pinha é cultivada em Alagoas e em 20 mil hectares no Brasil todo. O principal pólo da fruta é a região de Palmeira dos Índios, onde agricultores têm grande produção, ameaçada por uma praga incontrolável.
Foram portugueses e italianos, que deixaram seus países de origem, e nos idos de 1803, iniciaram a plantação de pinha no agreste alagoano, principalmente em Palmeira dos Índios, pela família Ponzi e Miranda.
Uma fruta que chegou ao Brasil com ares de nobreza, pois foi trazida e implantada pelo português Conde de Miranda há 378 anos na Bahia, e por isso mesmo, foi batizada como “Fruta-de-Conde”.
Os descendentes do Conde que se fixaram em terras palmeirenses, trouxeram da Bahia, dez pés, cujos 12 filhos cuidavam de comer os frutos com gulodice e guardavam as sementes, que foram plantadas logo depois da fruta consumida. E plantavam com rapidez, pois o regumento da fruta, espécie de revestimento, secaria a semente, entraria em dormência e deixaria de germinar.
E foi assim, com os filhos comendo e os pais plantando, que se multiplicaram os pés de “fruta do conde”. Uma planta que pertence à família das anonáceas e demora três anos para produzir.
Palmeira dos Índios tornou-se famosa por sua produção de pinhas, citada até por Graciliano Ramos e graças as suas sementes Pernambuco (Buíque), Bahia, São Paulo, são também grandes produtores. Há mais de 200 anos que esta planta é uma das riquezas da região.
Porém há alguns anos, uma praga está acabando com os pinheirais. Os pés, em muitos sítios, estão envelhecendo, muitos por falta de podas, e segundo pesquisas, devido a um vírus e surto de pragas, as pinhas crescem de forma irregular e até o sabor está sofrendo alteração e as sementes não são adequadas para o plantio comercial exportador.
Segundo técnicos da Embrapa, agora, o melhor método é a muda por enxertia, com ramos retirados das árvores mais vistosas e produtivas.
Falta também uma campanha de conscientização, porque muitos agricultores não sabem sequer o ponto da colheita, deixam a fruta amadurecer no pé e a comercialização fica comprometida, pois é uma fruta altamente perecível, dura apenas cinco dias depois de apanhada.
A secretaria de agricultora de Palmeira dos Índios, não se preocupa com a produção e o plantio de pinhas no município e até agora não manifestou atacar o problema.
Há em Palmeira dos Índios mais de 800 produtores e que neste período não atingiu uma renda de safra superior a 400 mil reais.
Desesperados com o mal que ataca os pés de pinhas, os agricultores já buscam alternativas, como a manga, caju, laranja e coco. A conseqüência dessa praga que está dizimando as plantações será desastrosa para a economia do município. Não houve safra este ano. No começo da pequena colheita, a caixa de 5 quilos chegou a custar apenas cinco reais. No auge da produção, custava 16 reais.
Segundo técnicos, é necessário a polinização artificial para a colheita de melhores frutos. Em São Paulo, na cidade de Lins, já se usa esta tecnologia, consistindo na retirada e aplicação do pólen nas flores através de um pincel ou uma bombinha manual.

O governo municipal

Mesmo em final de mandato - deve voltar-se para este problema, pois a ameaça de extinção da pinha na região é visível e palpável.
E investir mais nesse setor de fruticultura. Muitos pés estão atacados por broca e produzem pinhas de aspecto ruim.
As pinhas precisam ser polinizadas, podadas e irrigadas no período da estiagem para ter uma produção garantida, preços melhores e negócios organizados que tragam empregos e rendas. Palmeira dos Índios tem um clima apropriado, o solo privilegiado no agreste. As pinhas devem ser plantadas no período de chuvas.
As pinhas de Palmeira são famosas e “doces de doer”, desde que adubadas e limpas, não têm igual no Brasil, nem mesmo em Petrolina.
O melhor adubo é esterco de galinha ou de curral (ovinos e bovinos). Enfim, precisamos salvar a fruta-do-conde, o maior capital agrícola da região.

Um comentário:

Herbert Lisboa Torres disse...

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